quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Da insolência da necessidade de estar,

Estou errado,
sobre a vida e sobre o tempo,
sobre as pessoas,
está acabando enfim.
A ilusão e a glória.

Tudo então é turvo e desigual,
e somos então imortais.
Imorais,
pelo desejo,
e não pela razão.

E volta,
revolta,
desfaz,
junta,
dissolve.

E não será difícil te ver passar mais.
Porque também vou passar,
e por favor,
tire do meu dedo esse carma,
e essa marca que o fogo me fez.

Desta aliança com o mundo,
quero só a fuga.
Então fuja,
se jogue nos braços dos teus novos amigos,
porque vou ali e já volto.

A tua liberdade é o que me importa,
venha me bater à porta,
só quando quiser voltar.

Você vai me encontrar sentado,
no sofá, escrevendo,
sobre o quanto estou errado,
sobre a vida e sobre o tempo,
sobre as pessoas.



terça-feira, 19 de outubro de 2010

- do balançar dos dias -

Na balança, balanço,
ao ponto mais alto,
agora posso chegar,
agora que sou grande para estar lá,
agora que o alto, já não é tão alto,
balanço forte, e balanço só;

Só pela vontade de estar lá,
quando nem bem quero saber,
quando o balanço vai parar,
porque não tem graça deixar de empurrar,
só pra não se sentir cansado,
acho bem mais sorte, cansar de felicidade;

Tola felicidade,
de soltar as mão da corrente,
e abrir os braços contente,
eu que nem sou de rimar,
não me importo,
porque também não sou de sorrir,
mas também não sou de chorar;

É o simples e tímido olhar,
me traz a pensar,
que bobagem essa de ter certeza,
de ser grande demais,
deixa balançar, o balanço,
porque do simples encontro,
encontro vontade de mais balançar.

sábado, 16 de outubro de 2010

- pausa pros remédios -

Sobre a vida...

A verdade não existe.

Esse é o período da vida que chamo de pausa,
nada posso,
nada quero,
é bem pessoal isso em mim,
tudo o que me aparece pode ser ou não,
sou feliz pelos segundos,
não pelo dia, nem pelo ano,
já fui intenso,
já morri até,
voltei aqui,
e só pra dizer que isto é o que chamo de pausa.

Antes morria por amor,
morria de dor,
por amigos,
pela família,
pelas pessoas,
agora, me tornei fraco,
já nem morro mais.

E os remédios no copo pra tomar,
junto com a paciência que tenho que ter,
esperando descer a poção pra salvar-me,
do que?
Enquanto tentam se livrar da minha presença,
desculpe.

Porque pode ser que nada dê certo,
e nunca mais vou te encontrar mesmo,
faz parte,
só que por agora,
quero teu olhar,
e se alguém quer falar sobre de mim,
não espere,
porque daqui a pouco vai perder a graça.

Vou te ver?
Amanhã? Hoje?
Não sei,
como não sei do amanhã,
não me importo com o pouco tempo,
me importo com o longo tempo perdido.

E se alguém ainda quiser o meu mal,
tenha dó,
espere ao menos passar o efeito,
da droga que vocês tomaram,
porque não sei quando foi que fiz pra vocês,
tão mal, a ponto de me desejar assim.
Por que o que é a verdade de tudo isso?
Das palavras que me dizem?
O que?
Enfim, agora tudo é tarde,
por isso vou ali aproveitar cada segundo,
dessa verdade que não existe.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Desculpe,

Sou mais bobo que os outros,
sinto mais saudade talvez,
quando não se tem razão pra sentir,
talvez seja a madrugada,
talvez seja a memória,
talvez seja o tanto que gosto de estar contigo,
talvez seja a vida.

E eu, independente de amor,
auto-suficiente de qualquer sentimento,
naquele nosso discurso egoísta,
na minha falta de sono,
penso o quanto queria você aqui,
mas eu, eu não tenho a melhor vida,
não tenho nem o melhor espaço em mim,
nem meu colchão.

E te dou razão,
quando você me pergunta,
como consigo viver aqui sem a TV.
Eu não consigo,
essa é a resposta,
porque até uns dias atrás conseguia,
agora não.

Mas reluto contra tudo isso,
contra a dependência,
embora o gosto do teu beijo,
seja a melhor coisa que provei,
e me diz,
o que é isso?
Deixei de ser moleque,
sei deixar e perder.

Então se for pra você ir,
não vá de repente,
porque não foi de repente que você veio,
mas se quiser ficar,
fique, fique do jeito que quiser,
fique a vontade,
o que quiser, o que quiser.

Porque as minhas palavras são bestas,
e falo bem mais do que deveria,
mas é de criança que me sinto,
eu que sou duro,
auto-suficiente,
quero que fique,
não sei como, nem quanto tempo,
mas fique.


domingo, 3 de outubro de 2010

E do tempo que perdi, levo a saudade;

Tinha que ser um dia a mais,
pra ter a certeza de que seria melhor,
porque assim como metade do mundo,
eu também tenho medo de tudo o que pode ser pra sempre.

A eternidade neste mundo já não me interessa mais,
porque encontrei uma razão pra envelhecer como todo mundo,
e agora eu quero que seja assim,
cansei do tempo e do quanto ainda posso viver.

Finalmente vou poder voltar,
porque este finalmente é meu último ciclo,
e veja só,
estou sorrindo.

Não tenho vontade que nada dure mais,
nada mais do que o tempo que precisa durar,
e se você quiser ir,
pode ir.

Não vou te roubar a vontade de fazer o que quiser,
mas se quiser ficar,
tenha a certeza que vou estar aqui,
sim, eu vou estar.

E justamente porque não tem uma razão pra ficar,
justamente porque é a maior tolice que posso fazer,
mas quando acordar,
sei que não vou me arrepender.

Porque estou contra o mundo,
e contra todas as pessoas que me desejam mal,
contra todos,
contra todos.

Mas eu não preciso lutar,
nem levantar do sofá,
porque tranquilidade é o que quero pra vida,
só isso.

E do tempo que perdi, levo a saudade.