quarta-feira, 30 de junho de 2010

- mais de um ano de mim mesmo -

é incerto, inseguro,
mas é um dia,
dia meu,
dia teu,
dia nosso,
vou te tirar das minhas palavras antes que te assuste mais.
hoje fui feliz,
fui demais,
ganhei o que podia ganhar,
conquistei a paz.
eu, que nem era pra viver,
por conta do adeus,
do choro,
do cheiro, vivi.
pequeno,
hoje eu tremo,
como quando passavam os trens,
pela minha casa.
hoje o trem que passa é o do tempo,
não tremo de medo,
tremo de força,
de vida.
vida essa que me deu o dia 181 do ano,
quase na metade, porque não tem meio termo.
me deu uma lua cheia,
e me fez nascer as nove e quarenta e cinco da noite.
eu feliz que sou,
completo o número dos anciães.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

- do precipicio, o medo; das palavras, a única certeza -

-sobre gostar de alguém-


Quando uma lágrima vem descendo;


Eram frases de amor, como de quem pode ter amor depois de tanta coisa,

fizeram com que menino me sentisse,

pois nunca deixei de ser o que sou,

embora me enxerguem pior,

eu, nada fiz.


Senão a vontade que tive de salvar vidas,

e fiz, salvei, conversei, ensinei a sonhar,

agora me bate no rosto,

como se fosse a culpa do mundo só minha,

e é.


Carreguei comigo a tristeza de tentar ser feliz,

li e escrevi livros,

mas incomodei mais com o barulho do ponteado da caneta,

do que alguém que desafinado canta na igreja,

igreja essa que me ensinou,

fui padre, fui santo, já bem mais do que se pode ver.


Hoje sou visto perdido,

sou visto escrevendo,

e lendo as palavras à mim escritas,

pelo mais doce sentir que pude provar,

em algum momento me fez sorrir de canto.


Encanto sorriso,

quero tirar das palavras o brilho dos lábios,

não consigo,

nem consigo comparar pra fazer rimar,

com tudo o que quero falar.

Então pontuo.


Essas letras me acalmam,

mas as que escrevo não são as melhores,

já fiz bem mais.

Pouco tenho te encontrado.

Não é ausência, não dessa vez.


Mas a inversão do choro,

pelas simples frases que posso ler.


De tantas letras, palavras e situações,

As suas sempre levarei comigo.




domingo, 27 de junho de 2010

- palavras pra não se entender -

da abstração da coisas à certeza que é certo que virá

Como quando a gente é criança,
quando cresce também tem medo;


Era bem tarde da noite, olhando a lua cheia no céu,
percebi o quanto se deve viver,
não que não houvesse percebido antes,
mas era sobre uma vida diferente.


Tinha a lembrança da alegria e da profundidade das palavras ouvidas,
então relaxei e refleti,
porque por alguma razão gosto de ouvir teus conselhos,
mesmo que sejam simples e fáceis de dizer,
aprendi a pontuar as frases.
Devagar estou aprendendo a não ter medo da chuva,
embora a altura e o vento queiram me fazer voltar,
porque não sei voar,
não sei mergulhar de cabeça,
mas sei aprender.
E cada dia que a gente se prende ao medo,
vem uma coisa que atrapalha o mundo,
atrapalha os planos,
mesmo que seja só a ideia de se ter planos,
talvez eu vá embora daqui.
Porque o clamor nos meus ouvidos é forte,
só queria saber se acabou,
só queria saber se é só isso que tenho que fazer;
Amanhã vou ter que acordar,
mas agora, agora vou dormir fora de casa.
Pra passar o frio que tenho que sentir,
porque cedo ou tarde as coisas vão sendo mais certas,
esta incerteza que me faz chorar,
nos dias honrosos da minha volta,
talvez melhor é que nunca tivesse voltado.
Ou simplesmente nunca, tivesse partido.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

- sem ter ausência, não tem saudade, sem ter saudade, não tem vontade -

sobre a estranheza da vida, e dos novos conceitos sobre amizade

Estou conseguindo ser forte,

Foi com um abraço que talvez nunca mais veja você,
porque não posso perder essa tua liberdade de vista,
à vista do sorriso,
da empolgação da tua voz,
bem pouco entendo.
Mas sei que fiz palavras melhores que esta, que diziam sobre não ceder.
Foi por conta da rotina que então sentei todos os dias em frente à tua casa,
só pra te ver, talvez porque eu me visse em ti,
como um menino que conta os carros na rua,
sem muita razão senão a de desejar ter o que vê.
Foi o toque da tua mão eu acho,
que não sai de mim,
tem que sair,
por conta dos dois abraços que não nos separam.
Eu quero esquecer.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Como quem não sabe a razão nem a consequência das escolhas não feitas -

Sobre semanas inteiras - da complexidade ao silêncio profundo do teu olhar

Eu fui estar contigo,
porque a vida me deixou pra trás.

Era simples falta de humildade humana,
meu desejo de deixar de estar apaixonado por ti,
era bem verdade que não me encontrava certo sobre as nossas decisões;
E foi um dia, que passando na rua percebi olhos me fitando,
como quem filma uma fita,
como quem grava uma cena;
Eram olhos claros profundos de longe,
olhando estranho este meu rosto sem pouca expressão;
Cansado de explicar motivos e de acompanhar lado a lado a ingratidão do mundo,
me olhou,
como se em mim houvesse mais coisas pra se tirar,
como se me restasse um pingo de amor;
Pobre que sou, minha casa pequena já não comporta mais do que metade de mim,
trouxe a morar comigo a saudade e uma porção de caixas de lembrança,
me fazendo entrar de lado pra dormir na cama estreita;
Por razões estranhas me olhou, como se eu fosse alguém pra se ter do lado;
Eu rápido, procurei tudo o que podia saber,
pra poder dizer,
pra não deixar passar de olhar vazio,
tirei do bolso palavras;
Quando fui falar, me faltou a voz,
era tão longe que não consegui gritar,
era o meu pensar,
contra o meu falar,
mesmo com todos os dias que passei ao teu lado,
mesmo com todas as chances que tive,
eu (te) deixei passar;

domingo, 20 de junho de 2010

se não fossem as palavras de sempre


Pra que correr aos braços falsos,
é o futuro quem decide tudo,
pois ainda pouco nem conhecia tua vida,
como hoje especulei coisas sobre o amanhã,
mesmo que não faça o menor sentido.
E são palavras que aprendi nesse novo jeito de dizer,
é bem perto, são palavras tão próximas,
que se saissem da boca,
por certo quase tocariam os lábios alheios.
Mas correr aos braços falsos,
é rápido, certeiro,
é uma aposta,
que não depende das palavras de sempre.

terça-feira, 15 de junho de 2010

-Sempre foi por causa do teu sorriso,
Sei bem o quanto certo ou errado é tudo isso,
mas bem pouco me importei ao aceitar as tuas diferenças,
e foi por causa das noites de abrigo que te vi passar,
então fui correndo pra vida te contar segredos,
e morrer de amores por causa da indiferença do teu olhar.
Quando no espanto das palavras encontrei sentido,
sentido perdido e sem um sentido certo,
sem um sentimento certo,
porque já vinha sofrido de outros sentidos, de outros sentimentos.
E eram mundos distintos ali,
que de alguma forma se encontravam,
em frases de sentimento puro encantado, encanto,
de canto de olho a olhar, com medo de chegar,
só pensando, só escrevendo, só vendo onde ia dar.
E deu no que deu - a gente se conheceu,
viveu, escrevemos livros, fotografamos o mundo,
e passamos.
Passamos de nós, fomos cada um pra sua casa,
mas veio a saudade e pensa só,
é claro, mas é claro, que a gente não cedeu,
dormimos, descansamos, pensamos bem.
E amanhã, amanhã,
amanhã a vida continua, pois tem sempre um sol que quando se põe,
parece se preparar pra vir bem mais bonito no dia seguinte.

terça-feira, 8 de junho de 2010

pela felicidade alheia e pela falta que um sorriso faz


-é o sorriso novo que me faz cantar -

-é a vida alheia que me faz sangrar-

-de qualquer jeito eu vou sorrir-

-sim eu vou-

-porque já nada importa-

-senão a vida em outro lugar-

-era o sol na janela-

-então lembrei do quanto esperei o sol-

-e parece que veio-

-porque eu vejo felicidade em tí-

-então corro, vou para os mais verdes campos-

-e caio sob a luz desse sol-

-porque agora, eu dúvido bem mais do amanhã-

-agora, descobri que me engano bem mais-

-mas eu sei, são pessoas-

-então eu sento a escrever-

-porque sei que no teu lugar-

-talvez eu faria a mesma coisa-



Demis, A.

domingo, 6 de junho de 2010

- Eu não consigo dizer -

pelas escolhas, saiba que não consigo sequer escrever


























Demis, A.