quarta-feira, 28 de julho de 2010

- o fim dos dias certos.


é ele, o ponto final.

Vento e pensamento,
Amor e lógica,
desistir e tentar de novo.
Morrer, ressuscitar.
Deixar.

Olhar, encarar, fugir.
Correr, aceitar, desprezar.
Ver, enxergar, fingir que não vê.

Entristecer, sorrir, ter razão.
Amar.

Em que sentido isso faz?
Faz?

Não.
Mas, e se fizesse?


terça-feira, 27 de julho de 2010

E eu que pensei que as cartas de amor tinham acabado

Elas apenas mudaram de endereço,
e não é mais na minha porta que chegam.
Como era de se esperar da vida,
que muito me apronta.
Eu, pronto me vou adiante,
sabendo bem mais onde isso vai dar.
Me levanto, a olhar por cima pra ver se te encontro,
em meio a multidão de pensamentos que estão te levando.
Entendo tudo.
Tudo, tudo, tudo.
E quase te dou razão.
Quase.
O mesmo quase.

sábado, 24 de julho de 2010

- seiscentos anos depois de ti -


sobre a duração do sempre;


Hoje fui lá fora perceber o tempo que deixei passar,
como faço nos dias de chuva.
Então, vi que via o mundo de maneira errada,
perdida.
Vi que as pessoas que me amam não me conhecem,
e que aquelas que não me amam também não me conhecem.
Descobri que não se pode conhecer o que não existe,
e eu, não existo.

Nem o meu nome, nem meu sobre-nome,
tudo já passou.
Morreu, e faz muito tempo.
Muito mesmo.
Eu, que fiquei vagando por aqui,
sou um resquício do que já foi alguém.
Porque seiscentos se passaram desde a última vez,
que pude ver meu verdadeiro rosto no espelho.

Hoje, estou passeando pelas desvantagens do muito tempo,
conhecer e desconhecer pessoas.
Em todo momento eu ouço:
sempre estarei aqui, sempre isso ou aquilo.
Simplesmente agradeço,
mesmo que o pra sempre,
sempre acabe,
e eu tenha que acordar em uma nova vida.




domingo, 18 de julho de 2010

Eu penso em tudo

penso em como vou te falar cada palavra,
cada uma delas,
penso nos detalhes do teu rosto,
nos teus lábios quebrados do frio.
da impaciência das tuas ações,
penso o quão isso poderia ser.

me perdendo em pensamentos ao te tocar de leve,
em semi-abraços voluntários.
ouvindo a lógica e a sinceridade das tuas palavras,
ásperas.
e o poder de resumir minhas complicações de dizer.
e prever exatamente o que são as minhas palavras.

ignorando todas as minhas tolices,
e tudo o que não se pode entender em mim.
numa loucura de vozes que perturbam,
na loucura de querer saber mais.
mais de mim.

na impureza deste teu olhar,
destes lábios.
na certeza que tenho de que nunca mais vou me achar.
que nunca mais vou me procurar novamente.
se me perder ali.

.....




sexta-feira, 16 de julho de 2010

sobre amizade

não ouça as pessoas na rua.
mesmo que não seja o suficiente de mim.

frio, chuva.
eu deito, pensando quanto demora um dia pra passar.
quanto demora apenas algumas horas.
me dando conta de que isso depende,
dependendo mais do que se espera, do que do relógio.

mas não é amor.
porque se fosse, seria fácil de saber.
e sequer estaria aqui escrevendo canções.
é o simples exagero das palavras que vem.
pra alguém.

deixa estar.
como em canções de nova música popular.
deixa ser, esse nosso sentimento bom.
de mais, demais.
pois de sorrisos são feitas essas frases.

por conta do pouco tempo.
não se preocupe com o mundo.
porque a verdade é bem mais branda.
bem mais sincera.
estranho é pensar que assim estar é estranho.

enquanto a gente sorri.
e conhece gente todo dia.
porque é pro espaço que o pensamento vai,
quando ninguém está olhando.
e a felicidade de ser simplesmente,
é bem maior, do que a de alguém, que almeja algo.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

- da inconsistência dos fatos às especulações das pessoas - (dois)


e saber que deixou passar tanto tempo.

telefone toca a tarde. atende.
atende surpresa. na surpresa de ser alguém de quem se espera.
supera. fala.
responde e resolve fazer.
exagero, marcado pela vontade de estar.
do outro lado da rua.
sentado sobre a calçada, das composições de Tom.
ter tanta razão pra usar palavras de custo eterno.
no beijo do lábio. do molhado papel.
recados pra um, pra outro.
vem.
fazendo-me parar de escrever.
para que não perca o tempo do medo dos anos mais tarde.
e ao te ver na rua.
te abrace.

- da inconsistência dos fatos às especulações das pessoas -


é o medo de encontrar na rua anos mais tarde.

palavras poucas, sem tempo, ligeiras.
de tempo em tempo, aumenta o tempo das falas até que some.
mudo.
prevalece a virtude do não estar perto, do não entregar-se à simples vida,
de saber que amanhã voltará ao normal.
por um dia apenas, um momento, se venda tanta fala e discurso.
por causa do que a gente tenta ser todo dia.
e cada vez que tenta ser, evita.
como quem tem o poder de controlar a vontade e o desejo de si,
encontra em outros olhares o disfarce pra mais um dia sem.
é a vontade reprimida de correr.
de apenas trocar telefone, de ligar.
de saber aproveitar aquilo que já se tem.
em nome de uma vida de glórias, e interfaces mais compreensíveis de nós mesmos.
só por um pouco do que pode ser,
do que ainda sobra, pra quem mais quer,
enquanto é distribuído ao mundo como prêmio, justo.
justo de se fazer viver,
de querer ir mais longe.
mas se controla aos poucos o desejo de se prender.
de se querer pra sempre.




terça-feira, 13 de julho de 2010

Corra se não for pra estar...

Da fraqueza inconstante do tempo,
o fraco amor.
Como quem já foi mais forte pra tudo.
De tempo em tempo caí mais uma folha.

De toca na cabeça e blusa de lã,
velho.
Eu que escrevi canções nos tempos do pop rock.
Fui,
inconsoladamente deixado pra trás.

Pelo óbvio.
pelo certo, pelo errado,
da maneira de se ver as coisas.

Enquanto caminho na rua.
Ao som dos carros e barulhos loucos.
Em tua direção.
Eu que não tenho sentido.

Porque é mágico esse momento.
E eu sei.
Sei que talvez minha voz não te alcance.
Pelo impossível e improvável de se acontecer.

O próprio erro em apenas ser.
Eu que queria te seguir em sigilo,
pra ninguém saber.
Que sou pena,
pela pena que as pessoas tem do meu meso-amor.

Onde as paredes são brancas,
e as pessoas são deixadas.
Puras de vida.
Longe de si mesmas.
E somente assim,
ao se perderem, se encontram.

Logo, assim.
Eu, que te encontrei na rua.
Que quase, quase.
Componho uma música pra nossa coleção confusa.
De possibilidade de vida.

Eu, nesta minha meso-vida de poemas.
queria apenas um solo de guitarra à mais.
pra fazer soar este meu desengano.
peço.





segunda-feira, 12 de julho de 2010

quando encontrar razão, e explicação pra muita coisa.
talvez eu desista da metade delas.
no entanto, talvez aproveite mais a metade que restar.


E vem a chuva e apaga...
aquele pensamento pronto pra se tornar letra.
aquela palavra pronta pra se tornar voz.


domingo, 11 de julho de 2010

- volta

sobre a saudade que eu não consigo controlar, mesmo querendo.

Fico pensando a tristeza da cidade maravilhosa ao te ver partir.

Se for como a minha,
será cinza e nublado,
até ver o brilho do teu sorriso de novo.


sexta-feira, 9 de julho de 2010

sobre dinheiro e riqueza: valores que deixei pra trás pra poder reinar

A gente pouco percebe a dúvida que tem sobre nós mesmos.

Tenho certeza do amor, da dor, do sentimento.

Tenho certeza da saudade (aspas).

Hoje olhei todas as tuas fotos, uma a uma,
pra saber por onde você andou e entender onde eu estava.
Eu devia estar jogado, chorando, pedindo um amor pra me salvar.

Esse amor não veio.
Tive então que concretar meu coração com grosso cimento,
pra ninguém quebrar.

Larguei toda honra e toda glória que pudia ter,
toda riqueza,
todo nome, todo sobrenome.

Fui traído pelos que estavam comigo,
perdí tudo.
Vázio me tornei, quando tornei a minha casa.

Morei nela humilhado,
pobre, sem nada.
Senão a vontade de encontrar razão pra minha própria vida.

Eu, que ia perder a vida quando nascí,
perguntei à um deus, porquê?
não tive resposta.

Então ergui minha cabeça,
com toda destreza de coração duro, imortal.
Assumi pra mim a culpa de tudo.

Foi então que me desculpei com todos.
Todos o que me bateram.
Todos os que me odiaram.

Não me tornei melhor por nada disso,
por nada.
Pouco que fiz.

Agora não tenho dinheiro,
vago sozinho.
Moro em casa pequena.

O filho nobre da corte.
Do mais alto escalão do reinado.
Eu, era um dos sucessores.

Muito podia ter sido.
Se não fosse a vontade de ser de verdade.
Aquilo que a gente realmente é, e às vezes,
nem sabe.







- reformas -

sobre o barulho e o tempo de transição das reformas

do meu lado o martelo bate,
o serrote soa,
e neste instante uma furadeira é ligada.

penso no quanto incômodo causa,
barulho, dinheiro, mudança,
entorta, constrói, destrói.

coisas são jogadas fora,
coisas são compradas,
deixadas de lado, incorporadas.

é o preço.

o preço de uma casa nova,
bonita, limpa.
feliz.

dói se desfazer de coisas,
ver quebrar paredes inteiras.
ficar sem telhado, sem chão.
são períodos necessários.

necessários pra que se tenha o novo.

quase nem consigo escrever pelo barulho,
a verdade é que não posso esconder,
a vontade de ver tudo novo.

algumas coisas já foram ganhadas,
já tem gente querendo morar,
agora é só esperar acabar.
as reformas nessa casa que chama...

vida.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

- ao meio-dia no urso -

Eu quero as bobagens de um amor simples.

Não um amor amor, porque esses amores se acabam,
mas um jeito de amar diferente,
baseado apenas naquilo que se é de verdade.

Um amor que não sinta saudade,
que não queira beijar,
mas dar um abraço longo e duradouro.

Uma composição sem uma letra fixa,
nem um ritmo certo,
sem uma voz perfeita pra cantar.

Um amor brando,
que queira apenas deitar a cabeça no colo,
e olhar as estrelas.

Que não precise mentir,
nem esconder,
apenas ser, simples.

Quero um amor sem perversão,
sem circunstâncias à mais,
somente ser algo, quando realmente for pra ser.

Não quero disputas,
nem gente emburrada por pouco,
quero um belo sorriso.

Poder ouvir problemas,
reclamações,
tudo.

Tudo de ruim também,
inclusive sobre novos amores,
a paciência dos dias futuros.

Quero um amor plano,
sem planos,
suave, doce.

Quero entender,
compreender,
ajudar.

Não quero a glória,
nem o prêmio de um novo amor.

Não quero contar as palavras,
nem controlá-las da boca.
Apenas poder dizer.

Dizer que quero estar contigo,
mesmo que não junto,
mesmo que não perto.

No simples amor simples.
Sem razão, sem pretensão.
Te encontrar.

Ao meio-dia no urso.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

sobre o título da poesia

Não é a hora, nem o dia, nem o lugar.

Se venho aqui assim, é porque tenho que dizer.
Aliás, tenho que ouvir.
Eu, que achei sempre saber de tudo,
que entendia o silêncio,
hoje, só por hoje, não o entendo mais.

Me vem a dúvida de um talvez,
ou o desespero de um nunca.
Um esperado nunca.
Porque não foi a razão dos meus dias contigo.

Quem sabe foram aquelas as últimas palavras.
Fortes palavras.

Eu que pouco toco no assunto.
Falei demais.
Mas se era pra ser eu.
Então foi.
Mas se foi.

Não estou louco,
nem impaciente.
Apenas aguardo.
Tranquilo.
O tempo.

O tempo que sabe bem onde vou estar amanhã.
Escrevendo prelúdios de amor.
Que talvez nunca introduzam obra alguma.

Eu que sou o mais irresponsável e culpado pelo mundo.
Estou aflito.
Por nada ouvir.

sábado, 3 de julho de 2010

Eu vou cuidar, eu cuidarei dele...


Mudança de rumos do AllStar.

Vinham e voltavam para o mesmo lugar todos os dias.
Por coincidência, já sujos e cansados, encontraram-se.
Desgastados pelo áspero chão.
Apenas passaram perto.
Sequer se tocaram.
Pelo preconceito do outro não ser um AllStar.
Mas um Converse.
Que voltou atrás e puxou conversa.
Adicionou em todas suas redes sociais.

E o AllStar que combinava com o preto de cano alto de outra música.
Agora combinava com o meu preto, Converse.

Porque essa era a vida.
Esse era o destino.
Mudar destinos.
Mudar vidas.
Esse não era o plano.
Foi.

E agora sou eu quem vou visitar o bairro das Laranjeiras.




Sobre o que eu sei, sobre nós, sabemos.


Vou visitar a luz dos olhos seus.

Quero entender como te perdi pro tempo que deixei passar.
Pro tempo que fiquei parado, esperando acontecer.
Agora fiz inimigos mortais.
Foi o meu sangue, junto a minha vida.
Se beijaram.

Eu passei adiante as canções e as palavras de amor acho que não fazem sentido.
A gente nunca sabe no que vai dar.
Mas eu, eu vou te encontrar.
Vai acabar alguma coisa.
Não esta vontade de te abraçar.
De ficar mais tempo.
De ter mais tempo.

Eu, que não te beijei.
Porque somos uma só glória.
Maior.

Quando for, talvez seja bem mais.
Por enquanto estou a milímetros da tua boca.
Deixo passar.
Não porque não queira o teu beijo.
Mas pelo beijo dado, nessa pouca distância.
E pelo desejo que veio.

Por sentir tua respiração.
Pela nossa amizade.
Quase.

Não vai ter quase na próxima vez.
E não vai ter próxima vez.
Mentira.




quinta-feira, 1 de julho de 2010

sobre a proximidade dos fatos e da condição de estar perto

Por favor,
tire de mim o seu nome,
e este encanto dos seus lindos olhos,
pare de me perseguir em sonhos,
pois é capaz que eu me engane mais.
Porque ao certo é fácil saber onde vai dar,
essa perturbação das letras nossas.
Impostas por um quase amor,
de mentiras sinceras,
e de algo intitulado: a verdade,
então que seja.
Livrai-nos dos sustos do amor,
e do medo do futuro,
sejamos qualquer um,
mas não sejamos mais,
assim, serenos, sinceros.
Sejamos duros consigo mesmos,
na imposição das palavras de ordem,
para os corações vagantes.
Eu viajante que sou,
acordei aqui no mesmo lugar,
pensando em você.