segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

(dos dias inteiros)


Sinta falta do mundo,
porque de mim sei que não sentirás;

Te devolverei os amigos,
e te darei a paz,
te darei a fama,
e o poder;

Porque de cansaços fiz nossos dias,
e meus problemas são piores do que podes aguentar em paz,
eu, perturbador da mente alheia,
pouco te faço sentir;

Então sim,
minta que foi bom,
porque a morte vai vir igual pra todo mundo,
mas é mais lembrada para os que fingem mais;

Na roda da bondade dos homens,
dancei samba,
se fui mal,
foi escolha minha;

E tudo o que eu podia resolver,
não quis fazer,
porque você era mais forte que eu,
e o teu olhar me tomava;

Tive medo dos dias contigo,
você me ardia desprezo,
e um dia eu ia ficar só,
então não poupei bondades contigo;

Mas a lascívia do mundo me corrompeu,
e fui morar na noite,
embora contigo meu amor fosse um lixo,
e eu só fosse a metade de algo;

Te fiz tudo errado,
porque era fraca a saudade,
e só contigo encontrava paz,
mas bem pouco pude te mostrar;

Na roda da bondade dos homens,
dancei samba,
se fui mal,
foi escolha minha;

E tudo o que eu podia resolver,
não quis fazer,
porque você era mais forte que eu,
e o teu olhar me tomava;

Sinta falta do mundo,
porque de mim sei que não sentirás;



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Perjúrio


Eu te vejo pequena e incapaz,
Essa tua força não me engana;

É uma solidão lenta e quase infinita de tudo o que vai passar,
dentro do peito gritos de desespero,
e um medo de mais uma vez perder;

Dali pra fora uma imortalidade convincente,
atraindo qualquer pessoa que queira passar,
uma lógica irracional, somada a um pensamento frágil;

Não culpo,
como não culpo o mundo por louvar o desprezo,
todo sentimento sincero é tolo;

Imortal só a glória do ser,
só o aprendizado vazio,
e aquilo que vai durar um dia, não mais;

Sei, e não estou errado,
das palavras que você me disse,
eu vejo;

Não tem pra onde ir,
senão entregar o corpo ao mundo,
por hoje, e só;

Até que a misericórdia dos dias durem mais,
até que a ferida na pele ensine,
eu, desejo sorte;

Sorte e palavras ao mundo,
e toda lascívia da juventude,
até que se vomite a vida inteira nos próprios pés,
E o choro não tenha consolo,

Eu, te vejo pequena e incapaz,
Essa tua força não me engana;





terça-feira, 25 de janeiro de 2011

(door inside)

Eu teria medo,

Eu teria medo se não tivesse certeza,

terceiro dia, décimo mês de lá pra cá,
alguém adentra a porta da casa,
vem em minha direção,
eu paro, respiro,
prendo o ar pela última vez,
com um olhar profundo me olha,
parecendo alguém que sabe bem o que faz,
mas não sabe exatamente o que vem depois,
então um beijo acontece,
sou levado a crer que não estou em mim,
e sou tomado por um ligeiro desespero,
e por uma glória que toma meu rosto e começa a sorrir,
eu perdi,
perdi toda a inviolabilidade,
toda afeição indestrutível,
agora sou porta de entrada,
e pelos muros alguém escala os lábios,
delirando, e sem qualquer consciência do amanhã,
ele, o amanhã, não devia existir,
mas você quebrou toda casca imortal,
e todo corpo que durava pra sempre,
se foi,
toda intolerância,
e todo deboche, se foi,
toda raiva, e todo desejo de fugir,
toda sanidade, e toda glória eterna se deixou seduzir pela inquietação,
pela perturbação da entrega,
pelo gosto,
pela vontade,
pelo desejo,
pelo pêlo,
pelo cabelo,
pelo cheiro,
pelo corpo;

Eu teria medo,

Eu teria medo se não tivesse certeza;


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

- vasto e vazio -

( sobre o saco de surpresas do mundo)


Procura-se!

Uma simples razão pra fazer tudo errado,

Uma instabilidade certa,

Uma dúvida que sempre vai existir,

Uma discussão que nunca acabe;

O intenso vazio que preencha a dor,

A flor que morra sem água,

O amor que se perca fácil,

Os dias tristes de força e resistência;

Alguma droga que faça sentir,

Alguma mentira que faça chorar,

Alguma alegria que não passe,

Um pedaço de crença em alguma coisa;

Um sentimento no meio do nada,

Um dia sem erro,

Uma noite sem perdas,

Um amor de verão;

Algo que se perca com bobagens,

Algo que seja só corpo,

Qualquer coisa vazia,

Qualquer sentimento barato,

Procura-se!


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Não vá!

Não enquanto o seu cheiro ainda estiver aqui,
enquanto teus lábios ainda quiserem me tocar,
não fuja,
só pelo você tem sido pra mim;

Não aceite seu sentimento de adeus,
só porque eu te abraço com vontade,
só porque você quer estar aqui,
e fazemos coisas que nos incomodam;

Deixe esse sentimento que não temos nos tomar,
por todo tempo em que estiver aqui,
venha, tome a minha vida,
e saiba: não vou ser igual;

Eu falo da glória do tempo,
e dos amores que a gente deixou,
falo da miséria dos sentimentos loucos,
doentes;

A gente sabe o que faz, e faz porque quer,
e faz porque é bom,
quando o tempo é pouco pra tudo,
fica a vontade;

Então eu, eu peço:
Não vá!
Não enquanto o seu cheiro ainda estiver aqui,
enquanto teus lábios ainda quiserem me tocar,

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

(Can't)

Como é que eu vou sair daqui,

Terceira com a quarta avenida,
você veio correndo do carro,
como se aquilo não pudesse ser evitado,
me abraçando disse:

- Ei, meu deus, quanto tempo!
Senti sua falta!
- Sentiu? Eu estive aqui o tempo todo.

Não me olhe como se dependesse de mim o mundo,
nem me veja como vagabundo porque não te esperei,
você, nem disse que voltava,
você, simplesmente não se despediu;

E agora, agora que é inverno,
que aquele casaco não te traz calor,
você desceu do carro e veio correndo,
me abraçando disse:

- Ei, meu deus, quanto tempo!
Senti sua falta!
- Sentiu? Eu estive aqui o tempo todo.



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Protagonismo

(Sobre o quão feliz você pode ser - quando o protagonista abandona o elenco)


Tristeza é quando a sinceridade vira motivo de piada,

Não adianta você ter um milhão de pessoas ao seu redor,
se tudo o que elas querem é uma notícia no jornal,
não adianta ser engraçado,
se tudo o que elas querem é rir do momento em que você fala sério;

O conceito de ombro amigo se torna um megafone,
e o que é íntimo se espalha pro mundo,
e sei, podia te usar o tempo todo,
mas achei que podia voltar atrás das minhas decisões;

E pare de me dizer que estou fazendo drama,
porque vai me ofender a ponto de me fazer vomitar,
e as tuas palavras nunca mais vão entrar nos meus ouvidos,
desculpe, pelos dias que confiei no mundo;

Eu vou embora,
perdendo a maior parte da minha riqueza,
nem por isso você é melhor,
nem por isso, eu resolvi concorrer;

Não vou disputar a atenção lá fora,
porque os que eu quero,
estão aqui dentro,
e desculpe, pelos dias que confiei no mundo;

Não adianta você ter um milhão de pessoas ao seu redor,
se tudo o que elas querem é uma notícia no jornal,
não adianta ser engraçado,
se tudo o que elas querem é rir do momento em que você fala sério;

Tristeza é quando a sinceridade vira motivo de piada.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

- agora, sou pó de vidro -

(sobre os poemas que não vem, e da diversão que você tinha sem mim)


Com o tempo o brilho se perde
,

E não é culpa minha ou sua,
E não é culpa de nada ou de alguém,
Porque não existe o que culpar,

é simples como a opinião alheia,
é fácil como o vento se tocar,
mas a gente sempre tenta esconder o óbvio,
de que não adianta amar;

Eu tentei te explicar,
As coisas que estou fazendo por nós,
Você nunca quis me entender,

é puro como a natureza,
vazio como o interesse dos outros,
mas a gente sempre tenta esconder o óbvio,
de que não adianta amar;

Por que você sempre diz isso?
porque o meu silêncio te incomoda,
Eu só queria entender,
você não vai nunca saber;

Com o tempo o brilho se perde,
é, com o tempo o brilho se perde;



quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

[- of words]

Você vai me ver andando e vai rir,

era passagem, passado, passageiro,
e se quero, ou queria, não vai mudar,
da vida que levo eu levei a saudade,
saudade daquelas conversas pra sempre,
e eu que não tenho que ouvir o nome dele sempre,
ouço, sei,
não, não posso concorrer com o mundo,
porque demorei para estar,
porque não achei que fosse apenas estar,
achei que fosse ser;

Fui ter com a principal,
descendo a ladeira das noites mal dormidas,
cá entre nós,
foi melhor que o tempo de colégio,
a gente cresce e perde toda a graça,
e enjoa do mundo como da bebida,
vomita e volta a beber,
e sabe,
eu achei que fosse;

Ao menos sei que te dei estórias pra uma vida,
e razões pra rir,
e confusões na mente que sempre vão durar,
é certo que a minha certeza de me perder em ti,
aconteceu,
desde que te vi,
então sentei ali e disse:
- quero você,
você nunca soube,
mas é desde o começo assim,
e se não fiz, ou se fiz demais,
desculpe, eu pensei que fosse ser;

Vou ter pra sempre o teu gosto,
e vou me atormentar pelo resto do tempo,
até,
até,
até eu descobrir o que fazer,
não me interessa deixar,
nem quero ir daqui,
mas eu que não tenho que ouvir o nome dele sempre,
ouço, sei,
não, não posso concorrer com o mundo,
só por isso;
você vai me ver andando e vai rir,


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Amor é aquilo que se perde,

Deviam ser umas sete e pouco,
te encontrei por acaso,
de poucas palavras praticamente não me disse nada,
então entendi o que queria dizer,
e disse tudo o que não queria ouvir,
porque pior do que a glória de ouvir,
é a derrota de não conseguir ouvir quando o silêncio diz,
aí, até eu entender tudo demorou,
e demorou demais pra nós,
demorou pra mim,
e enquanto demorava eu estava ali,
todos os dias querendo,
e como alguém que so quer a água,
eu sentava perto do rio,
e nem me dava conta do que era aquilo,
e até eu entender o que era,
descobri que amor,

amor é aquilo que se perde;
e vira o ano,

vira a vida e o que?

depende de tudo,
depende de todos,
e eu?

será que tenho um novo amor,
será que tenho um novo amigo,
será?
e se será, vai depender do que?

então me diz porque saber,
porque saber do amanhã,
o que é nunca vai ser,
no final é só;

e vou estar só,
porque,
porque eu não sei,
e não me pergunte;

depende de tudo,
depende de todos,
e eu?
eu vou estar

(ponto)